quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Maniglia diz que perder a perna ‘não é o mais importante’



Superação

Rita Magalhães
Diário da Região – 24/11/2010

Secretário de Saúde, José Victor Maniglia, disse ontem que em dois meses estará “novo” e “dando trabalho” para a imprensa
O secretário de Saúde de Rio Preto, José Victor Maniglia, só soube no último sábado que teve a parte inferior da perna esquerda amputada por causa dos graves ferimentos que sofreu durante acidente de motocicleta no último dia 12, na rodovia Transbrasiliana (BR-153), em Ocauçu, região de Marília. Perguntado sobre o que sentiu ao receber a notícia, respondeu resignado:

“É triste... Não é bom, né? Uns dizem que é lamentável, mas não é o mais importante da vida. O mais importante é que meu filho não sofreu nada e pôde me dar toda a retaguarda que eu precisei. Vamos tocar a vida e vou continuar dando trabalho para vocês aí (risos). O Valdomiro (Lopes, prefeito) veio aqui ontem (segunda-feira) e disse que não abre mão de jeito nenhum do meu trabalho. Então estou entusiasmado.”

Pelo telefone, do quarto onde está internado no Hospital Sírio-Libanês, na Capital, Maniglia concedeu uma entrevista otimista e bem-humorada ao Diário. Ele contou detalhes do acidente em que também sofreu fraturas graves no braço e cotovelo esquerdos e disse que, em dois meses, estará andando normalmente com a ajuda de uma prótese e de volta ao centro cirúrgico para operar seus pacientes. Leia a seguir os principais trechos da entrevista.

Diário - O senhor já está firme e forte?
José Victor Maniglia - Sim. Agora já estou bem. Passei um período difícil, foi um susto muito grande. Mas agora já estou melhor.

Diário - O senhor se lembra do que aconteceu?
Maniglia - Eu me lembro do acidente. Meu filho e eu estávamos indo para Curitiba, cada um em uma moto. Em Marília entramos num posto, abastecemos as motos, tomamos um café e voltamos para a rodovia. Na serra, em Ocauçu, um sujeito me fechou. Para não bater nele, eu desviei para a esquerda. Vinha um caminhão de vidro do outro lado, mas eu não consegui me desviar dele. Foi um estrago muito grande, minha moto ficou destruída, acabou com tudo.

Diário - Era a moto que o senhor havia acabado de comprar?
Maniglia - Era. A moto (uma Harley Davidson) era novinha. Não tinha nem mil quilômetros.

Diário - Era sua primeira viagem com ela?
Maniglia - Sim. Ficou totalmente destruída, deu perda total.

Diário - Essa é a moto que o senhor pagou R$ 70 mil. Ela tem seguro?
Maniglia - Quando eu comprei, paguei R$ 70 mil. Hoje deve valer um pouco menos, não sei quanto. Talvez uns R$ 60 mil e é segurada.

Diário - E a sua saúde do senhor, como está?
Maniglia - Estou bem felizmente. Perdi muito sangue. Na hora meu filho me pegou e me levou para a faculdade de Marília. Temos muitos amigos já e eles me atenderam prontamente. Depois meus filhos optaram por me trazer para o Sírio Libanês, já que eu estava completamente fora (inconsciente), entubado, sem saber o que estava acontecendo por estar em coma.

Diário - Porque eles escolheram o Sírio-Libanês?
Maniglia - Porque os melhores ortopedistas do País estão aqui em São Paulo. Tem amigos também que se propuseram a me tratar.

Diário - Quantos dias o senhor ficou sem saber o que estava acontecendo?
Maniglia - Na realidade eu vim saber o que estava acontecendo no sábado passado (dia 20).

Diário - A notícia da perna o senhor recebeu só agora?
Maniglia - Fiquei sabendo que eu tinha perdido parte da perna no sábado passado. Tive uma destruição muito grande na perna, no braço e cotovelo esquerdo. Já fui operado do cotovelo e um dos melhores médicos do País (o traumatologista e ortopedista Marcos Guedes), vai tratar da minha perna. Agora ele está na Alemanha, mas ele foi me visitar quando eu estava em coma e disse para os meus filhos que ele vai cuidar de mim e que não vou ter nenhum problema futuro.

Diário - Em quanto tempo o senhor pode colocar a prótese?
Maniglia - Entre 30 e 60 dias.

Diário - Tem previsão para a sua saída do hospital
Maniglia - Vai depender muito do Marco Guedes. Porque o que é triste é que não consigo me movimentar. Perdi parte da perna esquerda e o braço está operado.

Diário - Quando o Marco Guedes retorna do exterior?
Maniglia - Entre os dias 27 e 28 de novembro (daqui a três ou quatro dias).

Diário - Por enquanto o senhor não pode se apoiar?
Maniglia - De jeito nenhum. Estou usando fixador autoestático (externo) não tem como mexer ou apoiar.

Diário - O Marcos Guedes só vai cuidar da perna?
Maniglia - Isso. O braço está sendo tratado por outros dois médicos. O doutor Cassiano e o doutor Rossato.

Diário - O senhor vai poder voltar a operar?
Maniglia - Vou voltar a operar normal, a fazer tudo que fazia antes.

Diário - Vai demorar quanto tempo para o senhor começar a movimentar o braço?
Maniglia - Dois meses. Em janeiro estou novo.

Diário - Vai coincidir então com a colocação da prótese na perna?
Maniglia - Em dois meses estará tudo sobre controle. Estou fazendo muita fisioterapia...

Diário - Quanto tempo de fisioterapia o senhor faz por dia?
Maniglia - Quatro horas diárias. Duas horas de manhã e duas horas à tarde.

Diário - Doem os exercícios?
Maniglia - É um processo bem dolorido.

Diário - Como o senhor recebeu a notícia da perda de parte da perna esquerda?
Maniglia - Acho que.... É triste. Não é bom, né? Uns dizem que é lamentável, mas não é o mais importante da vida. O mais importante é que meu filho não sofreu nada e pôde me dar toda a retaguarda que eu precisei. Vamos tocar a vida e vou continuar dando trabalho para vocês aí. O Valdomiro (prefeito de rio Preto, Valdomiro Lopes) veio aqui ontem me fazer uma visita e disse que não abre mão de jeito nenhum. O grupo da Santa Casa e da Secretaria (Municipal de Saúde) também não abrem mão do nosso trabalho. Então estou bastante entusiasmado.

Diário - Quando o senhor saiu da UTI?
Maniglia - Saí hoje à tarde.

Diário - O senhor está num leito semi-intensivo?
Maniglia - Não. Saí da UTI e vim direto para o quarto, que é um leito privativo normal.