domingo, 17 de abril de 2011

O problema não é o valor do salário


A proposta dos vereadores de Rio Preto de aumentar seus salários para R$ 6,5 mil provocou uma reação desproporcional ao valor. Existe até uma campanha contra o aumento, como se esse fosse o maior mal do nosso Legislativo.

Nosso município tem uma das maiores economias do Estado de São Paulo. Um dos maiores PIBs do País. É considerado a “Califórnia brasileira”, tamanha pujança. A cidade é a 18ª melhor do Brasil para se construir uma carreira profissional. Mas, na hora de discutir o salário dos nossos representantes no Poder Público, se comporta como uma cidadezinha dos rincões. A compra de um Ford Fusion, para atender ao presidente da Câmara Municipal, é tratada como um escândalo. 

Penso que combater o salário de R$ 6,5 mil e a compra do carro é desviar o foco da discussão. Até porque todos os 
vereadores que lá estão foram eleitos por meio do voto popular. São advogados, professores, engenheiros, técnicos, sindicalistas e empresários. Pessoas que, em tese, estão abrindo mão de seus afazeres profissionais para se dedicar ao Legislativo. 

O que deveria causar repulsa nas pessoas é a postura de muitos dos nossos vereadores. São especialistas em fazer leis inconstitucionais. Adotam uma postura servil em relação ao Executivo, quando seu verdadeiro papel é o de fiscalizar os atos da administração municipal. Deixam de exercitar suas funções de legisladores em troca de benesses e cargos. E por aí vai. 

Existem, evidentemente, aqueles que estão atuando de forma séria e comprometidos com os interesses da comunidade. Esses deveriam ganhar muito bem. Na iniciativa privada, bons salários atraem bons profissionais. No Poder Público, deveria ser assim. Os bons legisladores deveriam ser bem remunerados. As pessoas de bem deveriam se sentir atraídas para o Poder Público, substituindo alpinistas sociais e os seguidores da Lei de Gérson. 

É preciso combater o mau vereador e trabalhar para que ele não seja reeleito. Necessitamos de vereadores que se comportem de maneira distinta, que impeçam a corrupção, que não tratem o exercício do cargo como um “bico”, que visem ao bem comum. Temos de cobrar dos eleitos que atuem de forma digna. Se fizerem isso, os R$ 6,5 mil serão justos 

Jornal Bom Dia - 16/4/2011