sábado, 9 de abril de 2011

Um País sem oposição

Hay gobierno? Soy a favor. Quem diria que o partido da estrela vermelha iria se transformar no sonho de consumo de quase todos os políticos profissionais deste País? Todos querem ser seus aliados, compartilhar o poder.

O partido da Libelu – Liberdade e Luta, da Convergência Socialista, do Trabalho, dos guerrilheiros, dos “terroristas”, da reforma agrária. O partido que um dia teve como palavras de ordem Terra, Trabalho e Liberdade, aliado da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-terra) é hoje admirado pelo pessoal que até pouco tempo andava de braços dados com a turma da UDR (União Democrática Ruralista).

Dizem que a presidente petista Dilma Rousseff não sabe o que fazer com tanta adesão. É muita gente querendo participar do governo, querendo devorar o mesmo bolo.

A última novidade nessa história toda é o surgimento de um novo partido, o PSD, que já declarou que não é oposição. É formado por políticos que perderam as últimas eleições, mas que defendem, agora, os mesmos ideais dos vencedores.

Aliás, o que é essa coisa chamada oposição? Antagonismo de ideias? O que significa isso? O Brasil transformou-se num país de pensamento único. De esquerda.

Cabe ao DEM, PPS e parcela do PSDB, hoje minoria, o papel de fiscalizador do governo. De apontar os contrastes. Novos caminhos. De defender doutrinas e formas de governo diferentes da do PT. Os demais partidos viraram “companheiros”.

Se toda unanimidade é burra, como dizia o dramaturgo Nelson Rodrigues, a coisa vai mal em terras tropicais. Ninguém deseja que o atual governo faça uma administração ruim para o País. Mas abdicar do papel de opositor aqueles que deveriam sê-lo é oportunismo e beira à irresponsabilidade.

Nesse ponto, temos de tirar o chapéu para os petistas. Conquistaram o poder fazendo oposição, sem dar trégua para o adversário, sem adular e sem bajular. Não abriram mão dos seus ideais. Ganharam o respeito do eleitor. Já o pessoal do troca-troca... 

Artigo publicado no jornal Bom Dia - 9/4/2011