quinta-feira, 5 de março de 2009

Para Régis, é preciso uma reciclagem ética

O deputado federal Regis de Oliveira (PSC) foi o único político da região de Rio Preto a participar da reunião que criou a frente anticorrupção. Em entrevista ao blog No Front, no dia de hoje, ele fala que é preciso uma reciclagem ética no país. Segundo ele, a transparência é o caminho para combater a corrupção que atinge todas as instâncias do poder. “Defendo que todas as despesas de deputados e senadores sejam públicas.” Régis disse que irá debater o tema em Rio Preto e região. Ele informou que o debate deverá chegar nas universidades, órgãos públicos e entidades não-governamentais. “Não podemos virar as costas para a mínima infração ética, de quem quer que seja.” Leia abaixo a entrevista de Régis ao No Front.

No Front - Deputado Regis de Oliveira o senhor é um dos fundadores da frente anticorrupção. Para o senhor, a corrupção é mal que atinge todas as instâncias do Poder Público, por isso a necessidade de se formar uma frente para combatê-la?
Régis de Oliveira -
A corrupção é uma mal que está praticamente em todos os lugares, todos os poderes, todas as instâncias de poder. É importante que se faça, não digo uma frente, mas que um grupo de pessoas responsáveis pelo país possa se debruçar sobre as causas da corrupção e formular caminhos para resolvê-la. O grande problema é a transparência do poder público.

No Front - Qual é o papel da frente e quais as ações que irá tomar de imediato?
Régis -
Nós vamos bater no começo na transparência. Transparência começa pelo voto aberto no Poder Legislativo, o voto tem de ser explicitado. Também todas as contas, todas as notas, todas as despesas, tudo isso tem de ser o mais claro possível.

No Front - Como envolver a sociedade civil numa luta contra a corrupção no país?
Régis -
Ficou acertado fazer viagens pelo país afora, visitando universidades, os órgãos políticos dos estados, os governadores, o Judiciário, o Ministério Público e entidades não-governamentais que tem ligação com esse problema. A partir daí, colecionando dados, vamos apresentar alguma proposta concreta ao país.

No Front - O senhor pretende desenvolver alguma ação na região de Rio Preto? Palestra, encontro, manifestação, etc.
Régis -
Claro que nós vamos marcas algumas passagens por Rio Preto. Vamos realizar algumas palestras, não para tratar especificamente deste assunto, mas o assunto vai ser tocado também, vai ser tangenciado. Não queremos personalizar qualquer tipo de acusação. O problema é cultural e temos que mudar essa cultura.

No Front - O senhor defende a abertura total das notas fiscais de deputados e senadores, apresentadas para justificar os R$ 15 mil a que cada congressista tem direito a título de verba indenizatória, inclusive as passadas? Esse é um primeiro passo na luta contra a corrupção?
Régis -
É claro que eu defendo que todas as despesas de deputados e senadores sejam públicas, com CNPJ e identificação da empresa. Não que isso seja o primeiro passa na luta contra a corrupção, isso é obrigação do político, do agente público, em qualquer instância. O Judiciário tem de ter suas contas abertas, o Legislativo e o Executivo também, salvo aquilo que seja estritamente de interesse nacional, da segurança nacional. É o que está no artigo 37 da Constituição da República, o princípio da publicidade e da transparência. Não há nada que possa ser escondido da apreciação da população, que é a destinatária de todas as nossas ações.

No Front - A maior parte dos membros da frente faz parte dos partidos de oposição ao governo Lula. A frente é de oposição ao governo?
Régis -
Não há essa exclusão dos partidos de situação. Em reuniões que temos feito participam todos os partidos.

No Front - Por que a frente não conta com deputados do PT?
Régis -
Não tem ninguém do PT porque o PT ainda não foi convidado. Vai ser com certeza, não o PT como partido, mas alguns integrantes do Partido dos Trabalhadores. Não há nenhuma resistência em tê-los. No grupo, existem pessoas do PMDB que é da base do governo. Eu mesmo sou da base do governo. Não há esse clima de oposição e situação. O plano é suprapartidário. É absolutamente isento de cor política ou cor partidária.

No Front - É possível melhorar o padrão de qualidade na política brasileira?
Régis -
É claro que a partir daí você pode melhor e muito a vida política brasileira, o padrão de qualidade da política brasileiro. De que forma, primeiro é pensar, como fez Jarbas Vasconcelos no seu discurso no Senado, numa modificação política da sociedade. Você tem de pensar em reforçar os partidos, eliminar partidos pequenos que só servem de troca, de câmbio. Proibir as coligações nas eleições proporcionais. Deve haver o financiamento público de campanha para evitar compromisso de deputados com bases financeiras, econômicas. Claro que é possível mudar o padrão de qualidade da política brasileira. Eu suponho uma reciclagem ética de todos. Precisamos solucionar os pequenos problemas que não podem acontecer. Não podemos virar as costas para a mínima infração ética, de quem quer que seja.

No Front - Segundo o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), o exercício da política se transformou num balcão de negócios. Como interromper essa lógica?
Régis -
É possível que haja realmente um grande balcão de negócio, isso passa pela ocupação de cargos. A partir da hora que você fortalece o partido político, você não precisa de cargos. Para interromper essa lógica da barganha é preciso fortalecer o partido. O partido tem de participar. O partido que é importante.

No Front - Ainda é possível acreditar que existe político honesto?
Régis -
Claro que é possível. Eu convivo aqui no Congresso com gente da mais alta qualidade, do mais alto nível.

No Front - Finalmente, o senhor acredita que essa frente vai ganhar força, respaldo da sociedade e mudar os costumes políticos no país?
Régis –
O objetivo do nosso movimento é pela transparência. Se você faz a transparência, não tem como esconder nada. Se você não esconde, tem de prestar contas daquilo que você faz. A partir daí, você pode chegar num político honesto, num grupo honesto, que possa mudar a face da política no país.